
O edifício onde hoje funciona a Casa França-Brasil já foi palco de eventos importantes de nossa História. Encomendado em 1819 por D. João VI à Grandjean de Montigny, arquiteto da Missão Artística Francesa, a obra em si é um documento histórico importante. Trata-se do primeiro registro do estilo neoclássico no Rio de Janeiro, tendência que viria então a popularizar-se, dando à cidade marcada por suas casas coloniais um tom mais cosmopolita, à moda europeia.
No dia 13 de maio de 1820, o edifício foi inaugurado como a primeira Praça do Comércio do Rio de Janeiro, cidade sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
No contexto dos agitados dias que antecederam a Independência do Brasil, foi palco do episódio conhecido como "Açougue dos Bragança" (21 de abril de 1821), em que tropas do príncipe-regente dom Pedro (futuro Pedro I do Brasil) invadiram o local e dispersaram uma manifestação a favor da permanência da corte portuguesa no país.
Apenas quatro anos mais tarde, já no contexto do Brasil independente de Portugal, foi transformado por D. Pedro I em Alfândega, função que exerceria até 1944. A princípio, conforme o projeto de Grandjean de Montigny, a fachada principal da edificação apresentava grandes janelas, iguais as janelas existentes nas fachadas laterais do edifício. Para sediar a alfândega, foi necessário passar por reformas, onde precisou fechar parcialmente as janelas para uma maior proteção, transformando-as em óculos, característica que permanece nos dias atuais. Ainda, na fachada principal, há três portas com verga em arco, que são acessadas através de escadas. E as fachadas laterais apresentam uma porta central, ladeada por cinco grandes janelas.
Esta obra de Montigny passou em seguida por diferentes usos, tendo servido até 1952 de depósito para os arquivos do Banco Ítalo-Germânico e ainda, de 1956 a 1978, como sede do II Tribunal do Júri. Em 1938 o prédio foi tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — atual IPHAN.
Em 1984 a atual vocação da Casa França-Brasil começou a ser traçada. O antropólogo Darcy Ribeiro, então Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, combinou recursos brasileiros e franceses no ano seguinte para restaurar a construção e resgatar as linhas arquitetônicas originais projetadas por Montigny. As etapas para a criação do centro cultural e o trabalho de restauração atravessaram a década de 1980. Em 29 de março de 1990, foi inaugurada a Casa França-Brasil.
Entre 1990 e 2008, a Casa França-Brasil desenvolveu uma programação eclética, com exposições de temas variados e artistas consagrados, modernos e contemporâneos, A partir de 2008, após um importante processo de obras estruturais e de restauração, a Casa França-Brasil assumiu nova missão institucional e linha curatorial, focadas na arte e cultura contemporâneas.
A Casa é hoje um polo de difusão de cultura e referência em arte contemporânea. São oferecidos cursos, seminários, ciclos de palestras, entre outros projetos, além da programação de exposições. A instituição possui sala de leitura e disponibiliza ao público, para consulta no local, um acervo diversificado de catálogos e livros de arte contemporânea.
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