Catete é um bairro da Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, O nome do bairro é uma referência à principal rua do bairro, a Rua do Catete. Essa rua, por sua vez, adquiriu seu nome devido ao rio que, antigamente, corria paralelo a ela: o Rio Catete. "Catete" é um termo da língua tupi que significa "mata imensa", pela junção de ka'a (mata) e eté-eté (imenso). "Catete" também designa uma variedade de milho miúdo.
Antes mesmo da chegada dos portugueses à cidade do Rio de Janeiro, existia o “Caminho do Catete” – onde hoje fica a Rua do Catete. Ao lado desse caminho passava um trecho do Rio Carioca e do Rio Catete. O local era habitado pelos índios tamoios da aldeia Uruçumirim (“uruçu” significa abelha e “mirim” quer dizer pequeno), chefiada por Biraçu Merin. Relatos antigos mostram, inclusive, que franceses e portugueses travaram algumas batalhas na região onde hoje fica a Rua do Catete, a principal do bairro.
O Rio Carioca nasce no morro do Corcovado (onde fica, atualmente, a estátua do Cristo Redentor) e desce pelo bairro das Laranjeiras, chegando onde hoje é o Largo do Machado e a Praça José de Alencar, onde formava a Lagoa do Suruí e de onde começava o Rio Catete, que corria paralelo ao Caminho do Catete. O rio ficava do lado esquerdo do então Caminho do Catete para quem vai para a Zona Sul. O rio foi, posteriormente, aterrado, mas o Caminho do Catete continuou. O Rio Catete desembocava na Praia do Russel, que foi aterrada,
Lago e Pedreira
No início do século XVIII, o Morro da Nova Sintra, na altura do final da atual Rua Pedro Américo, passou a ser denominado "Pedreira da Glória", por fornecer as pedras usadas na construção da atual Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. A atividade na pedreira levou à abertura da chamada "Rua do Quintanilha", em referência ao proprietário das terras da região. No final do mesmo século, o mesmo morro, na altura do atual Largo do Machado, passou a ser denominado "Pedreira da Candelária", por fornecer as pedras para as obras de ampliação da Igreja de Nossa Senhora da Candelária. Essa pedreira levou à mudança do nome da Rua do Quintanilha para "Rua da Pedreira da Candelária". Em 1917, a rua adquiriu seu nome atual, "Rua Bento Lisboa".
O bairro do Catete guarda a memória de uma época áurea, quando grandes produtores de café – principal produto de exportação brasileiro na virada do século XIX para o XX – construíram ali suas mansões. O bairro conta também a história da República: 18 presidentes residiram e governaram no palácio que, hoje, está aberto à visitação pública. Na lista dos famosos moradores do bairro está o escritor Machado de Assis, que viveu por lá entre 1876 e 1882. Machado morou no número 206 da Rua do Catete – sua última residência, no Cosme Velho, foi demolida.
Assim como os bairros próximos de Glória e Santa Teresa, era um dos bairros mais valorizados da cidade no passado. Possui forte comércio e muitos sobrados construídos no final do século XIX e início do século XX, no período da Belle Époque carioca. O casario da Rua do Catete, de fins do século XIX e início do século XX, ainda pode ser apreciado, pois muitos sobrados daquela época encontram-se conservados – edificações remanescentes de um tempo em que a região era o centro do poder no país e palco de inovações, como a primeira linha carioca de bondes elétricos, inaugurada, em 1892, no Largo do Machado.
Casarios
Delegacia
Há casos curiosos entre estes sobrados que despertam o interesse de quem passa pela rua. Um dos mais chamativos foi inaugurado há 113 anos, já abrigando a delegacia de polícia. Com inspiração inglesa, a construção continua incólume até hoje. Por fora o único sinal de modernidade é o teto. A delegacia permanece instalada lá, porém alguns anos atrás o bairro ficou sem seu posto policial por mais de um ano, por um motivo inusitado - o local foi considerado insalubre pela vigilância sanitária devido à infestação por pombos e ratos. Felizmente o problema foi sanado e os policiais puderam retornar ao casarão centenário. Aliás, esta é uma característica peculiar do Catete - muitas construções abrigam instituições estabelecidas muito tempo atrás, enquanto em outros bairros já teriam sido postas abaixo ou trocado de atividade. O número de casas antigas preservadas no bairro poderia ser bem maior se não aparecesse um vilão nos anos 70: as obras para escavação do túnel do metrô literalmente devastaram várias quadras do lado ímpar da rua do Catete
No final do século XIX, o bairro passou por intenso processo de urbanização, pois a sede do Governo Federal se instalou por lá, na Rua do Catete, no Palácio do Catete. O bairro virou sede do centro do governo brasileiro em 1897. E foi assim até 1960, quando a capital brasileira foi transferida para Brasília. Com a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960, o bairro perdeu quase a totalidade de sua relevância populacional e econômica, tendo se recuperado apenas ao longo das últimas duas décadas — beneficiado, sobretudo, por sua localização estratégica dentro da capital fluminense, ligando o Centro do Rio à Zona Sul.
O Largo do Machado, o centro nevrálgico do bairro surgiu no lugar onde existia uma lagoa alimentada pelo Rio Catete. A lagoa seria logo aterrada e no largo se estabeleceu um açougue com um machado de madeira plantado à sua frente, daí o nome. No século XIX o largo passaria a se chamar Duque de Caxias, mas depois a denominação original acabou retornando oficialmente. O largo seria precursor em 1892, ao abrigar o ponto final da primeira linha de bondes elétricos da América do Sul.
Hoje o largo é bastante agitado, com restaurantes e ambulantes espalhados na praça. A estátua em mármore de Nossa Senhora da Conceição ocupa o lugar onde estava a estátua do duque, dali remanejada para perto da Central do Brasil, O Largo do Machado termina na Igreja de Nossa Senhora da Glória. Inaugurada em 1872, a igreja levou trinta anos para ser construída desde a pedra fundamental assentada pelo recém-coroado D. Pedro II, então um adolescente. Sua arquitetura neoclássica com colunas coríntias de granito a faz se destacar no mar de igrejas barrocas do Rio. Quem atravessa a rua e sobe os treze degraus da entrada para assistir à missa não imagina que nos primeiros tempos do templo era necessário passar por uma ponte sobre o Rio Catete, que fluía junto à porta.
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