Erguido na década de 1920, entre 1927 e 1929, foi durante algum tempo o prédio mais alto da América Latina, inaugurando o que na época se chamou de “arranha-céu”. São 24 andares em estilo art déco e com um terraço que apresenta um cenário especial da baía da Guanabara.
Construído no terreno onde antes funcionava o Liceu Literário Português, na antiga Praça Mauá, o “A Noite” adquiriu seu nome popular, justamente, porque quando foi inaugurado, em 1929, abrigava a sede do Jornal A Noite – periódico fundado em 1911, por Irineu Marinho. O letreiro do jornal, fixado nos andares mais altos do prédio de 22 andares, acabou caracterizando a construção, que foi projetada pelos arquitetos Joseph Gire – que também projetou o Copacabana Palace e o Hotel Glória – e Elisiário Bahiana.
O edifício é um marco da arquitetura moderna no Rio. Após sua construção, a cidade passou por um processo de verticalização que mudou sua paisagem. Até a construção do A Noite, os prédios da av. Central – atual Rio Branco – possuíam até, no máximo, oito pavimentos.
O A Noite também já foi um dos focos da boemia nos anos iniciais do século XX. A partir de 1936, a então recém-inaugurada Rádio Nacional ocupou o edifício. Nomes como Emilinha Borba, Dalva de Oliveira e Cauby Peixoto brilharam nos corredores da Rádio. Ter uma música tocada ali era sinônimo de sucesso. Lá, eram gravadas também as grandes radionovelas. Segundo Cirilo Reis, radialista que trabalhou 43 anos na Rádio Nacional – a Rádio era ouvida em todo o Brasil e foi responsável pelo surgimentos de torcidas de times cariocas em outros estados devido às transmissões esportivas da época.
O prédio passou a ser propriedade da União em 1940, devido a dívidas de sua proprietária, a Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. Em 2013, A Noite foi tombado com a inscrição em dois Livros do Tombo, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan): Belas Artes, por suas características arquitetônicas e inovações artísticas, e Histórico, pela centralidade que exerceu na história do rádio e da cultura brasileira. Trata-se de um símbolo da paisagem da zona portuária do Rio de Janeiro.
Em 2020, o prédio - que, na última década, tinha apenas alguns andares ocupados por instituições federais - foi totalmente esvaziado. Ele faz parte da lista de mais de três mil imóveis da União que devem ser vendidos à iniciativa privada. A posição estratégica faz com que a prefeitura do Rio tenha interesse na restauração do prédio e planeje, inclusive, comprá-lo caso a iniciativa privada não adquira o edifício por meio da venda direta.
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