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GLÓRIA - ONDE A HISTÓRIA DO CARIOCA COMEÇA

Atualizado: 7 de set. de 2023


Durante o século XVI, em uma expedição francesa no Brasil, o escritor Jean de Léry, que fez parte da expedição francesa que tentou implantar a França Antártica na Baía de Guanabara no século XVI, relatou que existia uma aldeia tupinambá no sopé do atual Outeiro da Glória. A aldeia, que utilizava as águas do Rio do Catete, se chamava Kariók ou Karióg (“casa de carijó”) que deu origem ao termo “carioca”.

Assim como aconteceu no vizinho Catete, muitos conflitos aconteceram na região onde hoje fica o bairro da Glória. Na região, ocorreram violentos combates entre portugueses e seus aliados indígenas de um lado, e franceses e tupinambás do outro, durante a expulsão dos franceses da região pelos portugueses no século XVI, pois os franceses e os tupinambás haviam construído uma forte paliçada na área, o Entrincheiramento de Uruçumirim. Em 20 de janeiro de 1567, em uma dessas batalhas, Estácio de Sá, líder português que fundou a cidade do Rio de Janeiro, foi ferido e acabou morrendo.



O nome do bairro se deu por conta da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, inaugurada em 1739, considerada uma joia da arquitetura barroca setecentista. A respeito de sua história, é curioso saber que Cláudio Gurgel do Amaral, dono da Chácara do Oriente, doou as terras a Nossa Senhora em escritura pública de 20 de junho de 1699, com a condição de ser edificada ali uma capela permanente e nela ser sepultado com seus familiares e descendentes.

Em torno do templo religioso, o bairro se formou e consolidou-se. A Igreja, inclusive, se tornou um dos locais mais queridos da família real portuguesa no Brasil. Dom João VI sempre assistia missas no local e Dom Pedro I batizou seus filhos lá. Tradição mantida até hoje em dia pela família imperial brasileira.

Aos pés dessa construção, encontram-se exemplos tanto de boa quanto má conservação do passado carioca. Logo abaixo da igreja, as casas da Villa Aymoré, de estilo eclético, construídas entre 1908 e 1910, acabam de ser restauradas. Já o Palacete Cornélio, de 1862, na Rua do Catete, 6, está em péssimo estado de conservação, embora tombado pelo Iphan desde 1938. Na mesma calçada, é possível também conhecer o Palácio São Joaquim, de 1918, propriedade da Arquidiocese do Rio de Janeiro.. Recentemente, hospedou, em suas dependências, o Papa Francisco. Construção de estilo eclético.


Vila Aymoré



Palacete Cornélio

Palacete São Joaquim


Indo em direção ao Centro, vê-se o relógio de 1905, seguido da murada feita para conter a ressaca do mar, que chegava até ali no século XVIII. Foi o primeiro relógio elétrico do Brasil, e na época sequer havia iluminação elétrica nas ruas da Glória. A solução para ligá-lo foi fazer um “gato” na rede elétrica dos bondes da Companhia de Ferro Carril do Jardim Botânico. Um pouco adiante, no número 156 da Rua da Glória, existe, ainda, o chafariz construído em 1772 para trazer água potável de Santa Teresa.



No final do século XIX e durante o século XX, o bairro da Glória viveu momentos marcantes. Foi considerada uma das regiões mais nobres da cidade, devido à proximidade com o Catete e suas sedes do governo e os hotéis e prédios históricos existentes na Glória. O bairro da Glória chegou a ser a região com mais embaixadas na cidade do Rio de Janeiro. Contudo, após a transferência da capital brasileira para Brasília em 1960, sofreu declínio e, somente após cinco décadas de descaso, vem recebendo investimentos de revitalização da Prefeitura



Situado entre o centro da cidade e o Catete, hoje, convivem no bairro da Glória prédios residenciais, empresariais, edificações e praças históricas, tendo à frente a Marina da Glória – um porto náutico do Rio de Janeiro. Na parte alta, avista-se a Igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro. O bairro é repleto de construções históricas, entre elas: Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, conhecido como Monumento dos Pracinhas (Aterro); o Memorial Getúlio Vargas (Praça Luís de Camões); Monumento à Abertura dos Portos (Rua do Russel) e a estátua de Pedro Álvares Cabral (Largo da Glória).


Marina da Glória


O Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial: foi um projeto modernista de Marcos Konder Netto e Hélio Ribas Marinho, abriga, em seu subterrâneo, uma cripta contendo os restos mortais de 462 soldados da Força Expedicionária Brasileira originalmente sepultados no cemitério brasileiro na cidade de Pistoia, além de um museu e do Monumento ao Soldado Desconhecido, onde arde uma pira com uma chama eterna.



Memorial Getúlio Vargas: foi um projeto polêmico de Oscar Niemeyer inaugurado pelo ex-prefeito Cesar Maia, o Memorial é um espaço subterrâneo na Praça Luís de Camões que abriga uma pequena mostra relativa à vida de Getúlio Vargas e um auditório. Acima do subterrâneo, o Memorial é sinalizado por um gigantesco busto do ex-ditador e ex-presidente e por um lago.



A arquitetura do bairro, no geral, é bastante influenciada pela francesa. Em 1906, foi construída a Avenida Beira Mar, seguindo um projeto de ajardinamento e arborização de inspiração francesa. E, na década de 1960, o aterramento chegou ao estágio atual, com a criação do Parque do Flamengo. Os aterramentos sucessivos também afastaram o mar que chegava à subida para o Outeiro, onde existia a Praia do Russel e o Mercado da Glória, demolido na primeira década de 1900.



Praia do Russell

Mercado da Glória


Entre as avenidas Beira-Mar e Augusto Severo, a Praça Paris foi inaugurada em 1929, seguindo também o estilo francês. Do seu lado direito, antes de chegar à Praça do Russel, fica a sede da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro – Seaerj – um prédio de dois pavimentos, em alvenaria de pedra, construído em 1864 para ser a sede dos serviços de esgotos sanitários e pluviais, uma das obras públicas mais importantes do reinado de D. Pedro II.



Importante também para a literatura nacional. Lima Barreto, escritor brasileiro, foi batizado na Igreja de Nossa Senhora da Glória e Machado de Assis ambientou alguns de seus livros no bairro. Em 1899, o bairro foi um dos principais cenários descritos no clássico livro da literatura brasileira "Dom Casmurro", de Machado de Assis, além de estar presente em outros livros seus como "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires".

Em 15 de agosto de 1922, foi inaugurado o Hotel Glória, projetado por Joseph Gire em estilo francês, , foi o primeiro prédio construído em concreto armado na América do Sul e o primeiro hotel de categoria internacional do Brasil, O Hotel Glória, com sua belíssima vista da Baía da Guanabara, viveu dias de imponência, hospedando chefes de Estado como Jânio Quadros (que morou lá) e Getúlio Vargas; além de inúmeras personalidades – o cientista Albert Einstein, o bailarino e coreógrafo Maurice Béjart, o astronauta Yuri Gagarin, a atriz Jane Fonda, o líder cubano Fidel Castro e a cantora Madonna. Célebres também eram os concursos de beleza, como o de Rainha da Praia, promovido pelo jornal Última Hora; o concurso de fantasia, antes do tradicional baile de carnaval; além de bailes de debutantes. . Em 2009, foi fechado para obras que pretendiam readequá-lo a tempo para a Copa do Mundo de 2014. As obras, no entanto, foram abandonadas após a quebra do empresário Eike Batista e o hotel se encontrava em estado de quase completo abandono. Atualmente, o hotel encontra-se fechado por obras de revitalização em sua fachada e interior. . Em 2022, foi anunciado que o Hotel Glória será um residencial, sendo realizado pelas empresas Opportunity e Sig



No acesso ao bairro de Santa Teresa, na Rua Benjamin Constant, estão localizados o Templo da Humanidade, da Igreja Positivista, de 1881, . Tal organização viria a ter um importante papel na Proclamação da República do Brasil, oito anos depois.; e o Hospital da Beneficência Portuguesa, erguido em 1840 hoje um hospital da rede Dor


Templo Positivista


Hospital da Beneficência Portuguesa


Na mesma Benjamin Constant viveu o pintor Vitor Meireles, autor do quadro A Primeira Missa no Brasil, de 1861. Hoje é a atual sede do Centro de Movimento Deborah Colker. Outro morador ilustre da Glória foi o médico e escritor Pedro Nava, memorialista conhecido por obras como Baú de Ossos e Balão Cativo, entre outras.





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