Mercedes Ignácia da Silva Krieger foi bailarina e coreógrafa, considerada a maior precursora do Balé e da Dança Afro no Brasil. Nasceu no ano de 1921 em Campos dos Goytacazes, RJ, filha de João Baptista Ribeiro e Maria Ignácia da Silva. A família humilde vivia do trabalho de Maria, que era costureira. Mudou-se com a sua mãe para o Rio de Janeiro quando ainda era jovem.
A partir de 1945, frequentou a Escola de Dança da bailarina Eros Volússia, reconhecida por seu método de investigação das danças populares para a criação de um balé brasileiro erudito. Um pouco mais tarde, entrou na Escola de Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Destacando-se na Escola do Teatro, em 1948, Mercedes foi aprovada em concorrido concurso e tornou-se a primeira negra a fazer parte do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. No entanto, o fato de compor o referido grupo não amenizou o forte preconceito em relação a bailarinos negros existente no Brasil. Foram poucos os diretores do grupo que selecionaram Mercedes para compor o elenco dos espetáculos. A bailarina atuou em poucas ocasiões, ainda assim, suas aparições em peças nacionalistas de compositores brasileiros, além de figurações, fizeram-na bailarina reconhecida no Rio de Janeiro.
Também na mesma época, a bailarina realizou inúmeras participações e apresentações junto com o grupo do “Teatro Experimental do Negro”, fundado por Abdias do Nascimento. Ao lado de artistas como Ruth de Souza, Haroldo Costa e Santa Rosa, Mercedes militou pelo reconhecimento e pela integração de atores e dançarinos negros no teatro brasileiro.
No inicio dos anos 50, Mercedes conseguiu uma bolsa de estudos com Katherine Dunham (a matriarca da dança negra norte-americana) nos Estados Unidos. Ao retornar ao Brasil, inspirada pela temporada norte-americana, Mercedes montou o seu próprio grupo, decidida a formular uma proposta de dança ligada à cultura afro-brasileira. Neste sentido, a dançarina passou a investigar a dança dos candomblés brasileiros.
Durante a década de 1960, fez parceria com carnavalescos, coreografou alas em Escolas de samba e viajou várias vezes à Europa com seu grupo.
Nos anos setenta, Mercedes Baptista dedicou-se especialmente ao ensino. No Brasil, tornou-se professora da Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ministrando a disciplina “Dança Afro-Brasileira”. Nos EUA, ministrou cursos no Connecticut College, no Harlem Dance Theather e no Clark Center de Nova York. Recebeu várias homenagens em cerimônias públicas e por diversas Escolas de Samba
Para vários historiadores, Mercedes venceu preconceitos de cor, de gênero e social representando não apenas a vitória da mulher negra, mas de todas as mulheres no mundo das artes Em 1982 a bailarina e professora se aposentou pelo Teatro Municipal. Faleceu no Rio de Janeiro, em 18 de agosto de 2014, aos 93 anos de idade.
Em 2016, a prefeitura carioca instalou uma estátua da artista no Largo de São Francisco da Prainha, na Zona Portuária. É uma região marcada pela história do negro na cidade Lá temos o Cais do Valongo, o Morro da Conceição, o Cemitério dos Pretos Novos e a Pedra do Sal, lugar de origem do samba urbano carioca e da fundação do primeiro terreiro do Rio. Mercedes Baptista ganhou essa estátua em um lugar importante, pois foi reconhecida como bailarina clássica, mas principalmente pela dança moderna, pelas danças afro-brasileiras, com influência de religiões de matriz africana.
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