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MORRO DA CONCEIÇÃO - A HISTÓRIA PRESENTE EM SUAS LADEIRAS




O Morro da Conceição, um dos recantos mais pitorescos da cidade, repleto de marcos arqueológicos e arquitetônicos que guardam um rol de histórias sobre o Rio. A parte mais alta possui vários de seus sobrados e vilas que datam do século XIX, quando imigrantes mudaram-se para lá atraídos pelas possibilidades de trabalho oferecidas pelo cais do porto. As casas mantêm-se conservadas até hoje e, em muitas delas, ainda moram os descendentes dos imigrantes, na sua maioria, portugueses e espanhóis. Seu modo de vida particular, semelhante aos tradicionais bairros portugueses, se manteve apesar das profundas transformações urbanas ao seu redor. Enquanto os morros do Castelo e de Santo Antônio foram total ou parcialmente derrubados e o Centro da cidade estabeleceu-se como área de comércio e negócios, o Morro da Conceição permanece como lugar de moradia, rodeado por prédios que o escondem parcialmente dos transeuntes, resistindo a todas as intenções dos sucessivos planos urbanísticos que desestimularam a moradia no Centro.

É uma joia urbanística ocultada pelos prédios altos da Avenida Rio Branco, que poucos cariocas conhecem, mas que muitos artistas já descobriram, dada a quantidade de ateliês localizados na Ladeira João Homem, uma das opções de subida do morro a pé. Contornado pelas ruas Camerino, Sacadura Cabral, Senador Pompeu e rua do Acre com acesso por essas duas ultimas rua. Ladeira do João Homem e Rua do Jogo da Bola onde se encontra a pequena igreja de NSra da Conceição. Aqui também estão localizados o Palácio Episcopal, a Fortaleza da Conceição e o Observatório do Valongo.

Integrou – junto com os morros do Castelo, de São Bento e de Santo Antônio – o quadrilátero que delimitava o perímetro urbano da cidade colonial. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), o nome do lugar tem relação direta com a capela que a devota Maria Dantas construiu em 1634, em adoração à Nossa Senhora da Conceição. A ermida, bem como as terras a sua volta, foram doadas por sua herdeira à Ordem do Carmo, que por motivos ignorados não ocupou os terrenos, cabendo ao prelado administrador da cidade conceder, em 1659, autorização aos frades capuchinhos para que aí se estabelecessem. Estes fizeram construir no alto do morro um pequeno hospício, do qual constavam apenas uma capela, algumas celas, refeitório e cozinha. Com o crescimento das tensões políticas entre Portugal e a França e, tendo os frades se recusado a prestar juramento de fidelidade à Coroa Portuguesa, foram estes, em 1699, proibidos de permanecer no local. Entre 1699 e 1702, foi reformado e ampliado pelo bispado do Rio para que se transformasse no Palácio Episcopal, ou seja, na residência oficial dos bispos da diocese. Serviu de residência oficial dos bispos por muito anos, até que o cardeal Arco Verde e todo o episcopado foram transferidos para o Palácio São Joaquim, no bairro da GlóriaO palácio no Morro da Conceição ficou vazio, acabou sofrendo um incêndio e suas ruínas assim permaneceram por anos.



Por volta de 1917, estavam sendo desenvolvidos na Fortaleza projetos cartográficos de interesse nacional. Em verdade, é lícito dizer que ali estava nascendo a cartografia brasileira. Com o objetivo de implantar métodos mais rápidos, um grupo de austríacos especializados na tecnologia de aerofotogrametria juntou-se ao trabalho, e o sucesso do projeto ficou conhecido como Missão Austríaca. Com o departamento crescendo, a Diretoria de Serviço Geográfico do Exército adquiriu e reformou o antigo Palácio Episcopal, ocupando, a partir de 1946, o espaço que hoje é a sede da 5ª Divisão de Levantamento General Alfredo Vidal (5ª DL). Atualmente, a edificação abriga o Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Exército, onde ficam em exposição, bússolas, lunetas e outros instrumentos, além de um raríssimo mapa do território brasileiro do século XVIII.

Nos fundos do Palácio Episcopal está a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, cuja construção foi iniciada em 1713, dois anos depois do episódio em que o Rio de Janeiro ficou cerca de 60 dias sob o domínio de corsários franceses. O forte foi erguido no mesmo lugar em que o chefe dos piratas, René Duguay-Trouin, instalou uma bateria de artilharia para ataque à cidade.



Em decorrência dos grandes prejuízos causados pelas invasões francesas ocorridas em 1711, no Rio de Janeiro, a Coroa portuguesa no intuito de reforçar as defesas da cidade, incumbiu o Brigadeiro João Massé de projetar um novo sistema defensivo, do qual era parte integrante a Fortaleza da Conceição, surgida no alto do morro da Conceição, entre os anos de 1713 e 1718. Tendo sido localizada aos fundos do Palácio Episcopal, a Fortaleza da Conceição, com suas “36 bocas de fogo e mil balas de diferentes calibres”, constituía-se em uma das mais poderosas praças de guerra da cidade, formando com as Fortalezas de Santa Cruz e São João o complexo defensivo da entrada da baía.

Desde os seus primórdios, a fortaleza teve seu funcionamento prejudicado pelas constantes reclamações do Bispado contra os tiros de canhão, que abalavam as paredes do Palácio Episcopal, seu vizinho, o que resultou em provisão real de 1718, proibindo a fortaleza de efetuar disparos.

Em 1765, a Fortaleza da Conceição é transformada em “Casa de Armas”, destinando-se a armazenar os armamentos das tropas coloniais. É desta época que data a construção do edifício conhecido como “capela” que, embora possuindo um partido formal típico da arquitetura religiosa daquela época, parece nunca ter sido utilizado para estes fins, pois sua construção era para despistar os inimigos na época. Posteriormente a fortaleza foi acrescida com a Real Fábrica de Armas, extinta em 1831. A Fortaleza da Conceição também ganhou masmorras, para onde eram encaminhados os presos tidos como perigosos pelo governo colonial, a exemplo dos inconfidentes mineirosne outros revolucionários dos movimentos de 1842.

Em 1917, o edifício, depois de restaurado, tornou-se sede de Serviço Geográfico Militar, função esta que perdura até os dias de hoje, estando atualmente ocupado pela 5ª Divisão de Levantamentos do Serviço Geográfico do Exército.



O Observatório do Valongo, sede do curso de Astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo, oferece algumas programações abertas ao público, como a observação noturna do céu. O casario do morro também é uma atração à parte.



O Jardim Suspenso do Valongo está localizado na subida do morro, na Rua Camerino. Na primeira década do século XX, o Rio de Janeiro passou por importantes intervenções urbanísticas nas áreas centrais da cidade. O replanejamento da capital, assim como seu embelezamento e saneamento, foi obra do prefeito Francisco Pereira Passos (1902-1906). Aquele foi um momento crucial na história do Rio, marcado por acontecimentos de grande significado. Revoltas, protestos, o surgimento das primeiras favelas, o alargamento e higienização de ruas, praças e avenidas, entre outros eventos, moldaram o caráter de nossa República recém-instaurada.

A área que compreendia o antigo Cais do Porto, região marcada pela insalubridade e abandono no começo do século, foi um dos locais escolhidos para receber as intervenções do governo. A região, que outrora compreendia todo o comércio de escravos, havia sido praticamente aterrada e, com ela, a história do local, motivo de constrangimentos para o país em virtude de seu passado escravagista. O Cais da Imperatriz, que substituíra o de escravos, foi também aterrado em 1911 para dar lugar a uma enorme praça. Os parques, as praças e as ruas arborizadas, com suas grandes calçadas, se tornaram uma marca do embelezamento do Rio.

Construído em 1906, o Jardim Suspenso do Valongo foi projetado pelo paisagista Luís Rei como parte do projeto de revitalização do centro da cidade. A obra foi concebida para conter a encosta do Morro da Conceição e ao mesmo tempo servir como área de lazer para pessoas da sociedade. A inspiração para a criação do lugar, como em muitos outros pontos da Cidade Maravilhosa, veio da França. O local é uma réplica de parques franceses do século XIX. Concebido como um jardim romântico, destinado ao passeio da sociedade nos finais de tarde, ele continha terraço, passeios, arborização, combustores de gás, depósito de água para irrigação, canteiros e grama, jardim rústico, casa do guarda e depósito de ferramentas e até mesmo uma cascata

Havia, no jardim, quatro estátuas em mármore representando divindades romanas: Minerva, Mercúrio, Ceres e Marte. Estas estátuas foram retiradas do Cais da Imperatriz de Grandjean de Montigny, localizado próximo e que, à época, encontrava-se em ruínas. Em 2002, as estátuas foram parcialmente danificadas por vândalos e a prefeitura resolveu transferi-las para o Palácio da Cidade. Em junho de 2012, as réplicas foram recolocadas no jardim após a restauração deste, como parte do projeto de revitalização da região do Porto Maravilha.

Localizado em região próxima ao degradante e escandaloso antigo mercado de escravos, sua construção foi também uma tentativa de apagar as marcas da escravidão.

Por várias décadas, o Jardim Suspenso permaneceu abandonado, degradando-se lentamente. Nos últimos anos, entretanto, em virtude das obras do projeto Porto Maravilha, o local foi reformado pela prefeitura e hoje integra o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana. Vizinho à famosa Pedra do Sal, o local abriga, também, em suas dependências a Casa da Guarda, que conta com uma exposição permanente com achados arqueológicos das escavações das obras do Porto, como talheres, jarros e objetos de higiene pessoal.

Na base do Morro da Conceição também se encontram o Cais do valongo e a Pedra do Sal que devido a importância na cultura negra carioca serão falados num post a parte.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


http://www.ipatrimonio.org/rio-de-janeiro-fortaleza-da-conceicao/






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