
A história da ocupação das terras desta baixada começou ainda no primeiro século da colonização Portuguesa, quando foram doadas glebas aos vencedores da guerra contra os franceses que haviam invadido a as terras circundantes à Baía de Guanabara. A partir de então, o local era tido como sertão, onde posteriormente existiram primordialmente fazendas e engenhos até quase o final do século 19.
Na planície de Jacarepaguá, já nos primórdios da colonização Portuguesa, ainda século 16 e início do século 17 os parentes de Estácio de Sá e Mem de Sá já possuíam enormes glebas de terras, então chamadas de sesmarias, onde posteriormente mantiveram grandes fazendas e engenhos.
Salvador Correa de Sá, que foi o terceiro governante do Rio de Janeiro, após Estácio de Sá e Mem de Sá, governando entre 1568 e 1571 e tendo um segundo governo entre 1577 e 1598, recebeu a metade da Ilha do Governador e muitos outros grandes latifúndios, e doou aos seus filhos, Martin e Gonçalo terras que iam da Tijuca até Jacarepaguá e Guaratiba.
Gonçalo e Martim de Sá se tornaram os dois maiores latifundiários do Rio de Janeiro ao receberem toda a terra situada entre a restinga da Tijuca e Guaratiba na região conhecida como Baixada de Jacarepaguá. Martim ficou com a área leste da lagoa de Camorim, onde foram construídos engenhos que correspondem hoje às localidades de Itanhangá, Anil, Freguesia, Taquara, Cidade de Deus, Gardênia Azul e Barra da Tijuca. Martin teve seu engenho na região no local chamado Engenho d´Agua (provavelmente no local hoje chamado de Anil, daí o nome da Estrada do Engenho d´Agua.
A parte de Gonçalo de Sá estava situada a oeste de Camorim, até as terras dos padres da Companhia de Jesus, em Guaratiba, e incluía o que hoje se conhece por Vargem Grande, Vargem Pequena e Recreio dos Bandeirantes. Englobava os campos e morros por onde passa a atual Estrada dos Bandeirantes (antes chamada estrada do Camorim) até a restinga da Marambaia ou nesga de areia que entra pelo mar. O engenho de Gonçalo ficava no Camorim onde também ergueu em 1625 uma capela para S. Gonçalo Amarante, do qual era devoto. As terras de Gonçalo passaram posteriormente para sua filha, Dona Vitória que era casada com um espanhol, Governador do Paraguai. Após a sua morte, em 1667, sem herdeiros, doou suas terras ao Mosteiro de São Bento. . Seus domínios se transformaram rapidamente em povoações.
Na passagem do século XVII para o século XVIII, a Baixada de Jacarepaguá ficou conhecida como a “Planície dos Onze Engenhos”, dada sua intensiva produção açucareira, que incluía três propriedades dos beneditinos – em Camorim, Vargem Grande e Vargem Pequena –, a Fazenda da Taquara, a Fazenda do Engenho D’Água, o Engenho de Fora, o Engenho Novo (posteriormente Colônia Juliano Moreira), a Fazenda Rio Grande (depois Condomínio Passaredo), o Engenho da Serra (região da Serra dos Três Rios), o Engenho Velho da Taquara (atual Boiúna) e a Fazenda da Restinga (que deu origem à parte mais antiga da Barra da Tijuca). A partir do século XIX, a cultura do café, mais atraente no mercado internacional, viria a substituir aquela atividade. Nas imediações ficavam as estradas do Gabinal, do Capão (atual Tenente Coronel Muniz de Aragão) e da Banca da Velha (hoje Edgar Werneck). A era das grandes fazendas e engenhos na Baixada de Jacarepaguá durou até o final do Ciclo da Cana de Açúcar, aproximadamente até a metade do Reinado de D. Pedro II.

A Fazenda da Taquara remonta um dois mais antigos engenhos de Jacarepaguá. Essa região era uma sesmaria que pertencia a Salvador Correia de Sá (o velho). Os seus limites iam da atual rua Edgard Werneck passando pelo largo do Tanque e projetando-se até a vertente Oriental do Maciço da Pedra Branca. No século XVII por compra, torna-se a fazenda da Taquara. Passou então esta propriedade aos descendentes primôgenitos até chegar a Francisco Telles de Barreto de Menezes, bisavô do Barão da Taquara. A casa grande da fazenda foi reconstruida em 1738 e existe até hoje, ao seu lado existe a Capela da Exaltação da Santa Cruz, sendo uma das mais antigas de Jacarepaguá.
Havia uma ligação entre a família Telles de Menezes e Orleans de Bragança. O Barão da Taquara era afilhado de D. Pedro II, tendo servido também na 7 Cia do Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional, O imperador, atendendo a relevantes serviços prestados na guerra do Paraguai, nomeou-o Comendador da Ordem da Rosa e Barão da Taquara. O comendador faleceu em 1865, sucedendo na propriedade seu filho Francisco Pinto da Fonseca Telles aos 26 anos.
O engenho da Taquara é tombado pelo IPHAN desde 30 julho de 1938 pelo então presidente Getúlio Vargas. A pedido do neto dos Barões da Taquara, Francisco Jose Telles Rudge, foi criada a APA ( Área de Proteção Ambiental) em 2002, com cerca de quase 100.000m² com objetivo de proteger todo entorno da casa grande e anexos do séc. XVII a XIX. O local é uma propriedade privada e não é aberta ao público para visitação.
No entorno da Fazenda da Taquara habita uma grande fauna e frondosa árvores circulares em memória da “Yacare Upa Gua” - lagoa rasa dos jacarés, Jacarepaguá. Dos antigos engenhos da Cidade do Rio de Janeiro, Camorim ( Gonçalo de Sá), De fora ( Mato Alto), Da Serra ( Pau-Ferro), Engenho Novo ( N.Sra dos Remédios - Colônia), D'Água ( Visconde de Asseca)-Cidade de Deus, o engenho da Taquara foi o mais importante.

O território da Colônia Juliano Moreira originou-se a partir de um dos mais antigos engenhos de cana de açúcar de Jacarepaguá, integrando inicialmente as terras do Engenho da Taquara. Foi então desmembrado em 1664 e denominado Fazenda Nossa Senhora dos Remédios. Nos anos de 1660 iniciou-se a construção do engenho e da capela de Nossa Senhora dos Remédios.. Já em 1778 recebeu o nome de Engenho Novo da Taquara.
Devido à superlotação da Seção Pinel do Hospital Nacional de Alienados, foram criadas as Colônias de Alienados da Ilha do Governador (São Bento e Conde de Mesquita), em 1890. Em 1909, João Augusto Rodrigues Caldas, diretor das Colônias da Ilha do Governador, verificou a necessidade de transferi-las para um local mais amplo, pois o número de doentes já atingia a casa do 300. Este número aumentou gradativamente com a transferência de doentes do Hospital Nacional de Alienados, a fim de poder dar a eles melhor tratamento. Em 1912, a fazenda do Engenho Novo em Jacarepaguá foi desapropriada para utilidade pública. Juliano Moreira e Rodrigues Caldas encontraram, nesta fazenda, o local apropriado para a colônia agrícola, por ser uma área ampla, com matas virgens, rios e cachoeiras. Em 1921, as obras e as novas construções foram iniciadas, mas só em 1923 é que os 15 pavilhões estavam em condições de habitação. Sendo assim, a Colônia de Alienados de Jacarepaguá foi inaugurada em 29 de março de 1924, e todos os pacientes das Colônias da Ilha do Governador foram para ela transferidos. Em 1935, a Colônia de Alienados de Jacarepaguá mudou seu nome para Colônia Juliano Moreira (CJM), em homenagem ao médico Juliano Moreira, que havia falecido em 1933 e abrigava aqueles classificados como anormais ou indesejáveis, tais quais doentes psiquiátricos, alcoólatras e desviantes das mais diversas espécies. Por muito tempo a CJM foi referência nacional em atenção à Saúde Mental. Entre as décadas de 1920 e 1980 a instituição funcionou como destino final para pacientes considerados irrecuperáveis. Na década de 1960 chegou a abrigar cerca de 5.000 pessoas. Entretanto, no início da década de 1980, após longo processo de deterioração, a instituição iniciou uma transformação do seu modelo assistencial, em consonância com a Reforma Psiquiátrica, que vinha acontecendo em diversos países. Foram abolidos os eletrochoques, as lobotomias e os abusos de neurolépticos. Novas internações de longa permanência deixaram de ser aceitas e a assistência a novos pacientes em crise passou a ser realizada pelo Hospital Jurandyr Manfredini, especialmente criado para este fim. Em 1996, a Colônia Juliano Moreira (CJM) foi municipalizada, tendo seu nome alterado para Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira.
Atualmente, estão concentradas no Núcleo Histórico Rodrigues Caldas as construções mais antigas da Colônia Juliano Moreira, reminiscências da época do engenho: a sede, a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, algumas ruínas de outras construções, além do conjunto de canaletas e o sistema de aqueduto, tombados pelos órgãos públicos de patrimônio.
REFERÊNCIAS
Oliveira, Victor Luiz Alvares A ZONA OESTE COLONIAL E OS MAPAS DE POPULAÇÃO DE 1797 : : algumas considerações sobre lavradores partidistas e produção agrária de Jacarepaguá, Campo Grande e Guaratiba no século XVIII REVISTA DO ARQUIVO GERAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO n.10, 2016, p.233-258
Andrade, Inês El-Jaick Andrade Ruínas do Antigo Engenho Novo no Núcleo Histórico Rodrigues Caldas da Colônia Juliano Moreira: pesquisa histórica e iconográfica rhaa 13
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