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PALÁCIO MONROE E O MITO DE TER SIDO DERRUBADO PARA A PASSAGEM DO METRÔ

Atualizado: 7 de mai. de 2022



Uma das mais belas construções da história do Rio de Janeiro não existe mais. Fisicamente falando, pois o Palácio Monroe ainda vive na memória afetiva de boa parte da população mais velha do Rio de Janeiro.

O Palácio Monroe foi projetado pelo arquiteto e engenheiro militar Coronel Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, no ano 1904. A ideia era fazer uma estrutura metálica capaz de ser totalmente desmontada que serviria de pavilhão do Brasil na Exposição Universal de 1904, ocorrida em Saint Louis, nos Estados Unidos.A estrutura fez muito sucesso na Exposição Universal. A impressa norte-americana elogiou bastante a arquitetura e a forma como o palácio foi erguido, chegou a ser chamado de ‘a joia da coroa da feira.

Quando a Exposição acabou, a estrutura metálica do Monroe foi transportada de navio cargueiro de volta para o Brasil. Dois anos depois, em 1906, o palácio – que nessa época se chamava Saint-Louis – foi remontado na região da Cinelândia, na antiga Avenida Central (atual Rio Branco), para sediar a Terceira Conferência Pan-Americana.

Durante essa remontagem, o influente Barão do Rio Branco, apoiado na sugestão do intelectual Joaquim Nabuco, propôs que o Palácio mudasse de nome e passasse a ser chamado de Monroe – em homenagem a James Monroe, presidente dos Estados Unidos, criador do Pan-Americanismo. Ideia que foi prontamente aceita.





Quando a Conferência Pan-Americana terminou, o Palácio Monroe não foi desmontado. Entre os anos 1914 e 1922, o Monroe foi sede da Câmara dos Deputados, enquanto o Palácio Tiradentes ficava pronto. Quando as obras do Tiradentes tiveram fim, os deputados foram para lá e o Senado Federal passou a utilizar o Monroe como sua casa.

O casamento entre o Senado brasileiro e o Monroe sofreu um baque durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), com Getúlio Vargas. Isso porque a Casa foi fechada nesse período. Quando a Era Vargas acabou, o Palácio abrigou o Tribunal Superior Eleitoral, entre 1945 e 1946.

Depois disso, o Senado voltou a morar no Monroe até o ano 1960. Com a mudança do Distrito Federal para Brasília, o Palácio passou a exercer apenas a função de escritório de representação do Senado no Rio de Janeiro.

Historicamente a serviço da democracia, o Palácio Monroe foi transformado em sede do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) após o golpe de 1964, que levou o Brasil a uma ditadura militar.

Em meados dos anos 1970, devido às obras do metrô no centro do Rio e a outros motivos, Palácio Monroe passou a ter seus dias contados. Muitas campanhas foram feitas para que o Monroe fosse demolido.

“Entre essas campanhas estava uma do jornal O Globo. Na época, Roberto Marinho alegou que o Palácio não tinha mais utilidade, por tanto era coerente que fosse demolido. Além do jornal, o arquiteto modernista Lúcio Costa também era a favor de pôr o Monroe no chão. Esses tiveram apoio do então presidente militar Ernesto Geisel, que também não era favorável ao Palácio”, frisa o historiador Maurício Santos.

Uma das alegações era que a construção das linhas de Metrô. O sonho de haver um sistema metroviário no Rio é antigo, porém só em 1966 é que se abriu uma frente de estudos para a inicialização da viabilidade das obras. A Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro então foi criada em 1968. O primeiro canteiro de obras se deu na Gloria em 1970, mas as obras ficaram paralisadas entre 1971 e 1974. Em 1975 as obras foram retomadas e seguiram em direção ao Centro da Cidade. A estação seguinte a da Gloria seria a Estação Cinelândia. No meio do traçado dos trilhos estava o Palácio Monroe. O que fazer? O intuito do Metrô sempre foi preservar prédios de importância histórica que estivessem próximos ao traçado dos trilhos, como o Teatro Municipal e a Câmara de Vereadores, mas o Monroe estava bem no meio do traçado. A solução foi fazer uma modificação no traçado original da linha. Um desvio que passaria ao lado do Monroe, para que fosse poupada a sua demolição.

Decidida essa etapa e estudada a obra, pôs-se em pratica a construção do desvio. Por causa do terreno e da proximidade das fundações do Monroe foi empregada uma moderna tecnologia para que tudo corresse bem. O escoramento do terreno foi feito com cuidado para que não houvesse perigo dele ceder e por em risco o Monroe. As fundações do Palácio eram verificadas duas vezes ao dia.

As obras continuavam e o tombamento do Monroe (pedido em 1970) não saía. No entanto continuava uma batalha para a sua preservação. A escadaria de mármore da entrada do Palácio foi desmontada por uma equipe de técnicos vinda especialmente da Itália. A retirada da escada era necessária, pois coincidia com as paredes da vala a ser aberta. A escadaria foi desmontada cuidadosamente e guardada no interior do Palácio. A escavação da vala, colocação das contenções necessárias, entre outras medidas, resultaram no sucesso da operação e no final o Palácio não havia sido abalado em nada. A feitura de tal empreitada e seu sucesso foram alvo de matérias em revistas especializadas. Da parte do Metrô o Monroe estava salvo.

No entanto, aproveitando-se da sua obra, o então Presidente da Republica Ernesto Geisel, autorizou o Patrimônio da União a providenciar sua demolição em 1976. Em março de 1976, o Palácio Monroe foi demolido. No terreno desocupado foi construída uma praça com um chafariz histórico, adquirido pelo governo imperial no fim do século XIX.




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA




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