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PALHAÇO PIOLIN

Atualizado: 29 de mar. de 2023



A história de Piolin começa como tantas outras… histórias circenses. Certa vez quando um circo passava pela cidade de Resende (RJ), Galdino Pinto, com quinze anos de idade, fugiu com ele. Por volta de uns vinte anos mais tarde, quando o circo em que estava trabalhando passou pela cidade de Uberaba (MG) conheceu Clotilde Farnesi. Após algum tempo casaram-se e ela se transformou em uma jovem e elegante artista eqüestre. Galdino que há anos tinha iniciado sua aprendizagem nas artes circenses tornou-se empresário e palhaço, sendo que seu primeiro pavilhão foi o Circo Americano. Tiveram três filhos: Abelardo Pinto, o palhaço Piolin; Anchises – saltador e o palhaço Faísca (pai de Anchizes Pinto – conhecido como Ankito) e Raul (empresário circense).

Piolin nasceu em Ribeirão Preto (SP) no dia 27 de março de 1887 e, como toda criança que nascia no circo, começou a trabalhar bem cedo. Aos sete anos iniciou sua carreira como contorcionista e realizava com seu irmão Anchises um número de bicicleta e, quando um pouco mais velhos, além destes números também trabalhavam no espetáculo como tony de soirée. Em 1917 Galdino Pinto empresariava o Circo Queirolo, que tinha como palhaço principal Chicharrão. Devido a problemas familiares, Chicharrão saiu da companhia e Abelardo entrou para substituí-lo. Foi então que ele decidiu que deveria ser palhaço. “Achei que seria um absurdo uma companhia inteira parar por falta de uma figura e resolvi que eu seria o palhaço. Pensei comigo: se ele faz, eu também posso fazer. E comecei a estudar um tipo de palhaço” (Piolin, depoimento prestado ao Museu da Imagem e do Som). Segundo relato de Nelson Garcia, o palhaço Figurinha, Piolin teria conseguido algo muito difícil quando um palhaço “novo” substitui outro já consagrado, fez sucesso imediato.

Daí em diante a história do circo ganhou uma personagem que se tornou ícone da arte brasileira. Segundo seu relato, um trabalhador do circo de origem espanhola, notando que as pernas de Abelardo eram muito finas, chamava-o de piolin, que em castelhano significa barbante fino. Ainda que no começo quisesse se zangar, acabou achando graça e manteve o apelido e Piolin ficou.

Trabalhou em diversos circos, mas a melhor fase da carreira de Piolin foi o Circo Alcebíades, no Largo Paissandu, onde atuou durante cinco anos. Foi lá que conheceu o presidente Washington Luiz e principalmente quando foi “descoberto” pelos modernistas de São Paulo, os artistas intelectuais da Semana de Arte Moderna. Dentre os intelectuais que fizeram parte daquela Semana, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, foram os que iniciaram o movimento de identificar o circo, com as suas pantomimas e seus palhaços, a uma “tradição popular” a ser valorizada e reelaborada pela nova estética que estavam propondo criar.

Piolin trabalhou também na TV Tupi durante um ano e meio (1951-1952), apresentando o programa Cirquinho do Piolin. Nesta mesma época participou do filme Tico Tico no Fubá. Fez turnê pelo Brasil e mais tarde voltou a São Paulo. Sem ter uma lona própria, participou apenas de alguns shows, em ginásios, clubes, parques, entre outros.

Em dezembro de 1961 foi despejado de seu circo montado na Avenida General Olímpio da Silveira. Motivo: aproveitamento do terreno. Realidade: o terreno permaneceu desocupado até 1980. Indignado Piolin declarou: “Fui despejado e até hoje não sei porque e nem quero saber”. Mais tarde essa terra, propriedade do Estado foi leiloada e atualmente abriga um Bingo. O artista permaneceu descontente com a situação do circo que estava desamparada pelo Estado e desclassificado pelas entidades de classe.

Abelardo Pinto Piolin morreu em 04 de setembro de 1973, de insuficiência cardíaca, engasgado com uma bala. Uma multidão se aglomerou nas alamedas do Cemitério da Quarta Parada para acompanhar o seu enterro. Em 1975, a Travessa do Paissandu, onde os circos eram armados, passou a se chamar Rua Abelardo Pinto Piolin. E em 1978 tornou-se realidade o grande sonho de Piolin: a criação da primeira escola de circo no Brasil, que, numa justa homenagem, recebeu o nome de Academia Piolin de Artes Circenses. Sem apoio dos poderes públicos, encerrou suas atividades em 1983. Mas serviu de exemplo e inspiração para a criação das muitas escolas de circo que hoje existem no Brasil. E, atualmente, o Dia do Circo, 27 de março, é comemorado em todo o país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




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