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PASSEIO PUBLICO



Localizado no Centro histórico do Rio de Janeiro, entre a Lapa e a Cinelândia, o Passeio Público do Rio de Janeiro é o primeiro parque ajardinado do Brasil, e foi concebido por um dos maiores artistas do período colonial brasileiro: Mestre Valentim da Fonseca e Silva. Construído a partir de 1783, o Passeio Público foi o grande ponto de encontro da população carioca nos séculos XVIII e XIX. Em seu interior podia-se contemplar, além de variadas espécies da flora nacional, obras de arte confeccionadas por Mestre Valentim, como chafarizes, esculturas e pirâmides.

No local onde hoje se encontra o Passeio Público existiu, até o final do século XVIII, uma lagoa chamada de Boqueirão da Ajuda. Era a única na cidade, no período colonial, que desaguava no mar. Muitos cronistas da história do Rio se referem à lagoa do Boqueirão como um pântano pestilento. Assim como todas as lagoas do Rio, o Boqueirão da Ajuda era utilizado para o despejo dos dejetos da população. Devido à insalubridade da lagoa, toda aquela região era despovoada. Mesmo assim, o Boqueirão era usado para banho, onde crianças se divertiam na água, em meio a bois, que atravessam o charco.



Em meados do século XVIII, uma forte epidemia de gripe e febre atingiu grande parte da população carioca. O surto ficou popularmente conhecido como Zamparina, em referência a uma cantora italiana que morrera vítima da moléstia. Em pouco tempo, a expansão da epidemia na cidade foi atribuída aos miasmas provenientes da lagoa do Boqueirão. O então vice-rei do Estado do Brasil, D. Luís de Vasconcelos, resolveu aterrar aquele charco. Para ocupar aquele local, o vice-rei decidiu criar um jardim público.

A Lagoa do Boqueirão foi aterrada com material proveniente do desmonte do pequeno Morro das Mangueiras, que se erguia onde hoje está a Rua Visconde de Maranguape, na Lapa. A tarefa de arrasar o morro, aterrar a lagoa e construir o jardim foi entregue ao Mestre Valentim da Fonseca e Silva, considerado o melhor escultor do Rio na época.

O Passeio foi construído entre 1779 e 1783. Foi o primeiro jardim público da cidade e do país. Até então existiam apenas hortas e canteiros. Os jardins até então, eram discretos e não públicos.

O aterramento da lagoa do Boqueirão recuperou uma área equivalente a 20 hectares, provocando o povoamento daquela região e a abertura das ruas do Passeio e das Belas Noites (atual das Marrecas). Segundo alguns cronistas, o próprio Valentim teria delineado as ruas de acesso ao parque. Realizado o aterro, foi imediatamente construído um cais, para que as ondas do mar não invadissem o jardim. Mestre Valentim não trabalhou apenas como supervisor e autor da planta do Passeio, mas também confeccionou todas as peças de arte, inclusive as de metal, as primeiras fundidas no Brasil.

Mestre Valentim desenhou um jardim em estilo francês, totalmente plano, com ruas em linhas retas formando desenhos geométricos de tamanhos diversos. As duas ruas principais formavam uma cruz, com uma grande praça no centro. O jardim era fechado por um muro alto, com janelas e grades de ferro. Na entrada, dois pilares de pedra firmavam um vistoso portão. No interior foram instaladas mesas e bancos para uso público.

No fundo do jardim, quatro escadas de pedra levavam a um belvedere, que se debruçava sobre a baía da Guanabara. O belvedere, ou terraço, possuía cerca de 10m de largura e tinha piso de mármore policromado. Junto ao parapeito, Valentim construiu sofás de alvenaria, revestidos por azulejos de inspiração mourisca. O terraço era cercado por uma balaustrada de bronze e contava com uma iluminação especial, fornecida por lampiões de óleo de peixe. Do terraço se via o mar que na época, chegava a altura do Passeio Público. No Passeio dos tempos de Valentim foram plantadas espécies vegetais diversas como mangueiras, oitizeiros, palmeiras, amendoeiras e até uma araucária. Na época, o Passeio foi, como seria depois o Jardim Botânico.

O Passeio Público foi a primeira área urbanizada do Rio de Janeiro. Estava embutido no parque o conceito iluminista de saúde pública, segundo o qual devia-se dar ar puro e luz à população. A criação do jardim pode ser considerada o primeiro ato em prol da salubridade do Rio, antecipando em um século os ideais higienistas do período Pereira Passos.



A iniciativa inédita de criar um jardim para usufruto da população refletia na colônia os ecos do Iluminismo que despontava na Europa. Alguns historiadores afirmam que o Passeio Público do Rio de Janeiro teria sido inspirado em seu congênere lisboeta.

A criação do Passeio valorizou aquela região. Em pouco tempo o jardim se tornou o grande ponto de encontro da sociedade setecentista do Rio de Janeiro. Ali as famílias faziam o footing, em meio a rodas de modinhas, lundus, cantigas e leitura de versos, Em 1786, aconteceram no Passeio grandes festas em comemoração ao casamento de D. João VI e Carlota Joaquina. Quando a corte chegou ao Brasil, em 1808, vários moradores da Rua do Passeio tiveram que deixar suas casas para abrigar os fidalgos e nobres portugueses.


Acervos do Passeio Público


Chafariz das Marrecas - Atualmente, as estátuas de Ninfa Eco e de Caçador Narciso, do conjunto do destruído Chafariz das Marrecas, encontram-se no Jardim Botânico.


Réplica do Chafariz e as estátuas no Jardim Botânico


Fonte dos Amores / Chafariz dos Jacarés - O folclorista Luís da Câmara Cascudo, em seu livro "Contos Tradicionais do Brasil", relata uma versão diferente para a construção do Passeio Público. Segundo a tradição popular, detalhada por Joaquim Manoel de Macedo em "Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro" , de 1862, o vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa teria se apaixonado por uma jovem chamada Susana, que morava num casebre à beira da lagoa. Vicente Peres, noivo de Susana, descobriu que ela se encontrava com o vice-rei e queixou-se. A jovem, porém, defendeu o seu admirador, garantindo que ele sempre a respeitara. Sousa, então, teria nomeado Vicente para um cargo público, assumindo a posição de protetor do casal. Foi padrinho do casamento e, em homenagem a Susana, mandou construir a Fonte dos Amores. Na fonte, Valentim esculpiu dois jacarés, representando a si mesmo e ao vice-rei; e três garças, simbolizando o casal e a avó de Susana



Fonte do Menino e Pirâmides


Bustos.


Gonçalves Dias

Mestre Valentim


Estátuas das quatro estações


inverno

Verão

Outono

Primavera


REFERÊNCIAS


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