A capoeira também se desenvolveu no meio urbano em diversas cidades portuárias que receberam grande contingente de africanos escravizados, como o Rio de Janeiro do século XIX . O jogo adquiriu características próprias na capital do Império, onde foi usado pelos escravos “ao ganho” e cativos. Na medida em que o Rio de Janeiro crescia, indivíduos praticantes de capoeira, cada vez mais se organizavam. O auge da capoeiragem no Rio de Janeiro ocorreu durante o Segundo Império, período onde se via a proliferação de diversas maltas. As maltas eram grupos formados por escravos, libertos e fugitivos que praticavam capoeira. Funcionavam como espécies de gangues e controlavam áreas específicas da cidade. O capoeira escravo trabalhava nas ruas, carregando água e dejetos, vendendo produtos para o comércio da capital, entre outros afazeres. A rua, os chafarizes, praças, igrejas das irmandades negras, tabernas e casas de angu eram os espaços de encontros, da organização, das festas, das fugas, dos ataques e onde aprendiam capoeira, que era utilizada nas brigas em grupo ou nos confrontos individuais, fosse à luz do dia ou na escuridão das ruelas e becos que formavam o núcleo da cidade no século XIX.
PONTA DO CALABOUÇO
Área onde ficava a Praia de Santa Luzia, (próximo a área do Museu Histórico nacional ), local de embarque e desembarque de mercadorias. Os escravos que trabalhavam na estiva praticavam capoeira nesse local e é considerado o local onde surgiram as primeiras rodas de capoeira. Nesse local também se encontrava o Calabouço, prisão onde escravos eram punidos por crime de caráter particular. Área dominada pela Malta Guaiamun.
PRAÇA XV DE NOVEMBRO
Foto by Fernanda Fernandes
Área de intensa movimentação de escravos cativos e de ganho. e área de mercado de escravos que chegavam nos negreiros que fundiavam nessa região. Local onde se encontra o Chafariz do Mestre Valentim, área de fornecimento de água e onde escravos faziam fila para levarem água para seus senhores. Área de conflito entre menbros de diferentes Maltas quando se encontravam nesse local.
FREGUESIA DA CANDELÁRIA
Bertichem - 1856
Foto by Isabela Kassom
Área de pequenos atracadouros e trabalho escravo de estiva na Praia do Mineiro que ficava atrás de onde é hoje o Centro Cultural Banco do Brasil. Daqui saiam ruas estreitas e tortuosas que iam até o Campo de Santana. As rixas nessa área eram favorecidas pela estreiteza das ruas, o que também gerava dificuldade na hora da fuga. Local próximo ao Arsenal de Marinha onde havia prisão de membros livres e chefe das maltas
LARGO DE SANTA RITA
Eduard Hildebrand - 1846
Área mais isolada e cercada de riachos que desembocavam na Prainha (atual Praça Mauá). Era uma região que vivia da estiva, A praça na frente da igreja era frequentada por capoeiras. e negros cativos devido a presença da Irmandade de negros na Igreja de Santa Rita de Cássia. No local havia um cemitério para africanos recém-chegados e com sua transferência para a área do Valongo, virou cemitério de negros da irmandade.
RUA URUGUAIANA E IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS E SÃO BENEDITO
Thomas Ender 1817
Antiga rua da Vala, onde uma vala havia sido cavada para escoar o transbordamento da Lagoa de Santo Antônio – no atual Largo da Carioca – até o mar. A área era muito frequentada por negros por conta da presença da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e São Benedito. Também havia grande presença de barracas de quitandas. Essa igreja abriga o Museu do Negro que se encontra fechado por tempo indeterminado.
LARGO DA CARIOCA
Área da freguesia do Sacramento, onde fica atualmente o Largo da Carioca. Local de aterro da Lagoa de Santo Antônio, Possuia o maior chafariz entre o século XVIII e XIX, aos pés do Morro de Santo Antônio e era abastecido com encanamentos que traziam a água do rio Carioca Maior número de prisões aconteciam nessa região por disputa de escravos. No local havia um pelourinho e até um posto policial de tantos conflitos que haviam na área.
AV PASSOS E IGREJAS DE NOSSA SENHORA DA LAMPADOSA E DE SANTO ELESBÃO E SANTA EFIGÊNIA
A Avenida Passos era importante nos dias de procissão na Semana Santa. Os capoeiras não só gostavam de acompanhar os fiéis como se acobertavam da polícia no meio da multidão. Nela se a Igrejas da Lampadosa e próximo a ela, a igreja de Santa Efigênia (rua da Alfândega), duas Irmandades Negras. Também era ponto obrigatório de pretas quitandeiras.
CAMPO DE SANTANA
Franz Frhubeck - 1818
Foto by Oscar Liberal
A área não urbanizada da cidade, antes da zona rural, cheia de charcos, brejos e alagados conhecida como "Campo da Cidade", mais tarde "Campo de São Domingos" O Campo de Santana tinha uma extensão que facilitava a fuga das maltas mas era considerada uma região erma e perigosa na época.A área ficava fora dos limites da cidade – a parte urbana ia até a Rua da Vala (atual Uruguaiana) – e só era frequentada pelas camadas mais baixas da população e ciganos vindos de Portugal.
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