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VASCO DA GAMA - PIONEIRO NA LUTA CONTRA O RACISMO NO FUTEBOL


Time do Vasco em 1923


O Vasco da Gama não foi o pioneiro em romper com as barreiras raciais e sociais no espaço do futebol, visto que o Bangu já aceitara negros antes, porém o Vasco colocava-se no papel de representante da luta anti-racista e anti-segregacionista existentes no futebol da época. Há quem defenda a idéia da não existência de racismo apontando outros negros de destaque dentro da sociedade da época, no entanto isso não nega que o Vasco da Gama foi o primeiro clube a ter negros e mulatos como jogadores em uma equipe vitoriosa.


Para entender melhor a dinâmica do futebol carioca na época, colocaremos como se deu a fundação da AMEA – Associação Metropolitana de Esportes Atléticos. A fundação da AMEA era para ser como uma espécie de mantenedora do amadorismo. Usou de critérios e regras para a participação e permanência dos clubes dentro da associação tornando-os aptos a competir. Dentre as regras a de que os times só poderiam ser formados por trabalhadores que não exercessem funções subalternas e por estudantes. Sendo assim o amadorismo era um elemento dissimulador do racismo e da segregação, o que denota a resistência à participação de negros em jogos.


A questão do amadorismo era um tanto incomoda para os grandes clubes e o Vasco como clube já possuía tradição nos esportes náuticos e em outros esportes, portanto esse item não o incomodava, porem ele estava aliado aos pequenos clubes na tentativa de garantia de direitos. Lutar pelo controle do amadorismo seria, talvez, uma forma de controle dos times pequenos e de autocontrole financeiro para os grandes, para que os jogos continuassem como uma forma de lazer para a elite, limitando e retardando a profissionalização


Podemos assim notar que a questão racial estava intrinseca e vinha junto na luta dos pequenos clubes pela popularização e profissionalização, por mudanças de tabelas e limitações que visavam sempre beneficiar os grandes clubes que eram os fundadores deixando pouco espaço para a participação dos pequenos nas tomadas de decisões.


Em 1923, o Cruz-Maltino, considerado um clube pequeno e que havia acabado de ser promovido à elite do futebol carioca, se sagrou campeão. No elenco, negros e brancos sem posições sociais. No ano seguinte, a AMEA impôs algumas condições para permitir a entrada do Vasco no grupo. Dentre elas, a exclusão de 12 jogadores, sob o argumento de maior controle sobre "a moral no esporte" e de se defender um futebol que fosse puramente amador


Um dos critérios utilizados nesta seleção baseou-se no analfabetismo e nas condições e natureza das profissões dos jogadores vascaínos. "Curiosamente", os 12 atletas eram os negros e aqueles em condições financeiras simples. Diante disso, Prestes, presidente do Vasco na época, informou, em ofício, que o Vasco estava desistindo de participar da associação por não concordar com as determinações, fazendo com que o Cruz-Maltino disputasse uma liga alternativa.


O Vasco posicionou-se pela reforma e inovação do esporte e a crise explode com o desligamento dele da associação. Em sua menção de repudio ele menciona que não concordava com o processo de sindicância realizada sobre as posições sociais de seus jogadores e com a investigação da vida social de seus jogadores o que inclui sem duvidas a questão racial.


Em resposta ao Vasco os dirigentes da AMEA tinha como principal argumento tentar provar que o Vasco praticava o semiprofissionalismo ou o amadorismo marrom como eram chamados os negros jogadores na época. As acusações contra o Vasco se baseavam na ideia de que este tinha sido campeão pois tinha atletas que se dedicavam exclusivamente ao esporte, sendo assim tinha preparação física o que caracteriza uma profissionalização e um desequilíbrio entre os outros clubes que tinha a recreação como objetivo. Mas se sabia que a questão do amadorismo era usado como disfarce para as intenções de não permitir que negros se profissionalizassem


Pouco se encontrou de provas para defender a hipótese de racismo, já que esta era enfraquecida quando se falava da situação do Bangu, que tinha negros que foram aceitos na AMEA que alegava que eles eram amadores, já que eram operários da fabrica localizada no bairro que acabou por dar nome ao clube. Entretanto, qualquer negro, sem nome familiar ou profissão de prestigio, que aparecesse para jogar em time da primeira divisão tinha sua condição de amador colocada sob suspeita.


. Um dos desdobramentos deste episódio, inclusive, foi a construção de São Januário, inaugurado em abril de 1927 e utilizado ainda hoje em jogos oficiais do Vasco. A "resposta histórica" é vista como um marco na luta racial e social no futebol.



FONTES


Lemos, Rafael Medeiros de; Guedes, Raquel Cordeiro . A POPULARIZAÇÃO DO FUTEBOL NO RIO DE JANEIRO DURANTE A REPÚBLICA VELHA Revista Historiador. Número 01. Ano 01. Dez. 2008.Disponível em http://www.historialivre.com/revistahistoriador



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