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Foto do escritordanielericco

VILA ISABEL - CHÃO DA POESIA E CELEIRO DE BAMBAS



O bairro de Vila Isabel é de classe média da zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, localizado na chamada Grande Tijuca. É cercado pelos bairros da Tijuca, Aldeia Campista, Grajaú, Andaraí, Maracanã e Riachuelo, através da ligação do Túnel Noel Rosa.

A terra onde o atual bairro de Vila Isabel localiza-se, pertencia à Companhia de Jesus desde 1565, ano da fundação da cidade do Rio de janeiro. Eles estabeleceram lá uma plantação de cana-de-açúcar, a Fazenda de Macaco, e a arrendaram a imigrantes portugueses. Depois da proibição da ordem em 1759, a Coroa Portuguesa confiscou os bens dos jesuítas e entre outras coisas a Fazenda de Macaco, que ficou abandonada até a proclamação de Independência do Brasil, em 1822, passando a pertencer ao Império Brasileiro.

A Fazenda dos Macacos era delimitada ao norte pelo Morro dos Macacos, ao sul pelo Rio Joana (o qual corre ao longo das Avenidas Maxwell, Engenheiro Otacílio Negrão de Lima e Professor Manoel de Abreu), a leste pela Rua São Francisco Xavier e a oeste pelo caminho de Cabuçu (Hoje Rua Barão do Bom Retiro) e pela serra do Engenho Novo (atual Estrada Grajaú-Jacarepaguá que liga a zona norte a bairros da zona oeste)

A Vila Isabel surgiu após uma iniciativa do empresário João Batista Viana Drummond – Barão de Drummond. Em 1871, ele adquiriu as terras da Imperial Quinta do Macaco, de propriedade da Imperatriz Dona Amélia, esposa de Dom Pedro I. Com a partida do casal imperial, a então Fazenda do Macaco acabou adquirida por João Batista Vianna Drummond, que era um hábil negociante e um empreendedor muito à frente de seu tempo.

O bairro Vila Isabel foi oficialmente fundado em 3 de Janeiro de 1872. A inspiração foi a cidade de Paris, na França. Vila Isabel é considerado o primeiro bairro projetado da cidade do Rio de Janeiro. Em 1873 visando o projeto de colonização da região, Drummond criou a Companhia Arquitetônica. O projeto, de responsabilidade do engenheiro Bittencourt da Silva, previa inicialmente a abertura de 13 ruas que partiriam do boulevard.

A Companhia Arquitetônica, além de ser a responsável pela comercialização de lotes e edificações, também concebeu a principal via do bairro como os boulevards de Paris. Para a garantir o sucesso do empreendimento Drummond criou a Companhia de Bondes Ferro Carril de Vila Isabel, Em 1875, o bairro ganhou bondes movidos por animais. Esses veículos ligavam a Vila ao centro da cidade. Também doou terrenos para escolas e igrejas além de ter construído o primeiro Jardim zoológico do País. O bairro tem nove prédios tombados pelo Patrimônio Histórico. No antigo Jardim Zoológico, o primeiro do Brasil, hoje denominado de Recanto da Princesa, o Barão de Drummond criou o jogo do bicho.



Barão de Drummond era abolicionista, então, no bairro que ele projetou, as ruas ganharam nomes de pessoas ligadas à luta pelo fim da escravidão no Brasil. O nome do bairro é uma homenagem à Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea. A sua principal via, a Boulevard 28 de Setembro, é uma homenagem à data em que a Lei do Ventre Livre foi sancionada.

A Região ganhou novo impulso em 1885, com a inauguração da Companhia de Fiação e Tecidos Confiança Industrial, localizada em Aldeia Campista, entre os bairros de Vila Isabel e do Andaraí. A estrutura da fábrica abriga atualmente o Hipermercado Extra na atual rua Maxwell e no seu entorno ainda existe uma vila de casas que eram dos trabalhadores da fábrica.




No início do século XX, o bairro tornou-se ponto de encontro de músicos e boêmios, como Noel Rosa, Orestes Barbosa, João de Barro, Almirante e muitos outros adquirindo, então, a fama de bairro boêmio.

Atualmente, além de área tradicional da boemia e pela grande concentração de bares, restaurantes e estabelecimentos congêneres no bairro de Vila Isabel, o bairro é reconhecido como um polo gastronômico da cidade. Com fama de ter um bar em cada esquina.


Bares e restaurantes - com a tradição boêmia, foram surgindo muitos bares nas ruas do bairro e muitos bares antigos ainda persistiam atraindo uma enorme quantidade de pessoas, especialmente na Visconde de Abaeté, aonde o Petisco da Vila ajudou a manter a tradição boêmia do bairro.

Um dos frequentadores assíduos do Petisco da Vila foi o médico, cantor e compositor Aldir Blanc. Além dele, Martinho da Vila, Neguinho da Beija-Flor, Jamelão e o cartunista Jaguar também foram ou ainda são clientes do Petisco. Infelizmente em 2017, o Petisco fechou suas portas após 44 anos de samba e boemia. Em seu lugar, hoje funciona a Chopperia Sempre Vila que vem tentando manter as mesmas características do extinto Petisco.

A tradicional adega Vilas Boas, na esquina da Boulevard 28 de Setembro com a Rua Silva Pinto, tem a fama de melhor bolinho de bacalhau da Grande Tijuca. Há também o Quadrilátero do Álcool na esquina das ruas Visconde de Abaeté e Torres Homem onde se encontra um dos polos gastronômicos do bairro, que desafia a matemática, por ser uma esquina que possui quatro pontas e 5 bares. O mais tradicional era o Bar do Costa, um dos mais antigos do bairro (falido há alguns anos), no seu lugar surgiu o Bar Veja Bem.






Shopping Center -na esquina das ruas Barão de São Francisco e Teodoro da Silva, se encontra o Shopping Iguatemi, agora Shopping Boulevard, que foi construído no terreno onde se encontrava o antigo estádio Volney Braune, do América Football Club.




Na Praça Barão de Drummond (Praça Sete) o Barão foi homenageado póstumamente, tendo o seu nome sido atribuído à principal praça do bairro, que se chamava Praça Sete de Março.




Calçadas Musicais - Em 1965, nas comemorações do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, o arquiteto Orlando Magdalena teve a idéia de decorar as calçadas do Boulevard 28 de Setembro com mosaicos portugueses desenhando partituras de músicas de grandes compositores da Música Popular Brasileira. A idéia foi levada ao músico Almirante que escolheu as músicas que deveriam compor as calçadas. Ao maestro “Carioca” coube a missão de simplificar as partituras. Foram, assim, construídas, desde a Praça Maracanã, no início do Boulevard 28 de Setembro, até a Praça Barão de Drummond, as famosas calçadas musicais de Vila Isabel, com as partituras das seguintes músicas:

· Cidade Maravilhosa - André Filho (esta primeira ainda na Praça Maracanã)

· O Abre Alas - Chiquinha Gonzaga

· Pelo Telefone - Donga/Mauro de Almeida

· Mal-me-quer - Cristóvão de Alencar/Armando Reis/Newton Teixeira

· Feitiço da Vila - Noel Rosa/Vadico - em frente à AAVI

· Ave Maria - Ertildes Campos/Jonas Neves

· Aquarela do Brasil - Ary Barroso

· Jura - Sinhô Carinhoso - Pixinguinha/João de Barro

· Linda Flor - Henrique Vogeler/Luís Peixoto

· A Conquista do Ar - Eduardo das Neves

· Luar do Sertão - Catulo da Paixão Cearense/João Pernambuco

· Chão de Estrelas - Orestes Barbosa/Sílvio Caldas

· Linda Morena - Lamartine Babo

· A Voz do Violão - Francisco Alves/Horácio Campos

· Na Pavuna - Homero Dornellas/Almirante

· Primavera do Rio, de João de Barro - Ernesto Nazareth

· Apanhei-te Cavaquinho - Ernesto Nazareth

· Florisbela - Nássara/Frazão

· Renascer das cinzas - Martinho da Vila ( na Praça Barão de Drummond)

Apesar de tombada pelo Patrimônio Histórico, a calçada sofre com a falta de manutenção





Universidade - Além de abrigar muitos bares e restaurantes ao longo do Boulevard 28 de Setembro, o bairro conta com várias unidades da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como a Faculdade de Ciências Médicas, a Faculdade de Enfermagem, o Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, a Faculdade de Odontologia e o Hospital Universitário Pedro Ernesto.




Igrejas - O bairro também abriga a Basílica Nossa Senhora de Lourdes, a sede estadual da igreja Congregação Cristã no Brasil e a Sede Mundial do Racionalismo Cristão.




Vila Isabel é famosa pela presença de inúmeros poetas e compositores que nasceram no bairro ou que nele foram revelados. O mais famoso é Noel Rosa, que nasceu no bairro em 11 de dezembro de 1910. No largo de entrada do Boulevard 28 de Setembro, existe uma estátua em tamanho natural do compositor em bronze, sentado numa mesa sendo atendido por um garçom. Na mesa, está escrita a letra da música de Noel “Conversa de botequim”.


Escola de Samba - O bairro sedia a escola de samba Vila Isabel, fundada por Seu China (Antônio Fernandes da Silveira), egresso do Salgueiro. De início, um simples bloco, possuía as cores vermelho e branco, logo em seguida mudadas para azul e branco, quando adotou o nome Azul e Branco de Vila Isabel. No carnaval de 1946, o bloco decidiu que, para o ano seguinte, desfilaria como escola de samba e adotou, desde então, o nome Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel.

Em 1968, a escola de samba desfilou com o enredo Quatro séculos de modas e costumes, tendo, como destaque na avenida, um modelo original de vestido do costureiro Paco Rabane.

A escola se consagrou definitivamente em 1988, campeã do carnaval com o enredo Kizomba — Festa da Raça, idealizado por Martinho da Vila, principal compositor da escola desde a segunda metade da década de 1960. O samba-enredo foi composto por Rodolpho de Souza, Jonas e Luiz Carlos da Vila.

Após anos sem uma quadra de ensaio fixa - ensaiando na Escola Equador, perto da esquina do Boulevard 28 de Setembro com a Rua Rocha Fragoso -, ganhou a sua quadra na principal rua do bairro, onde antes funcionava uma garagem de bondes na década de 1960, a garagem da extinta Companhia de Transportes Coletivos (CTC) e, posteriormente, um galpão do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN).




REFERÊNCIA















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